PRISÃO SEM GRADES
Por
América Miranda
Sonhei que estava numa prisão sem grades,
estava aprisionada
tentei libertar-me
completamente angustiada
gritei pelo Senhor meu Criador
e Ele valeu-me com o Seu Amor.
Hoje estou livre de pesadelos,
de sonhos, angústias
e tal como os pássaros posso voar
e livremente sorrir
ser eu e todo o mundo amar.
A força telúrica que me foi dada
vence tudo, até a adversidade
vence deslumbramentos, vence vendavais
e assim sou livre
tenho tudo e não tenho nada
resta-me afinal
a saudade
companheira de todos os meus ais.
*
HISTÓRIA DE PORTUGAL
Por
António Sala
Lisboa, velha dama, capital do meu País,
cidade de colinas e de guerras que eu não fiz,
mil histórias de um passado, pelo Rei e pela grei,
de terras de um só dono, dono de toda a lei.
Dum berço em Guimarães e duma Inês, mártir de amor.
de muitas dinastias, filipinas a pior
das trovas de Coimbra, dos fados de Lisboa,
de santos milagreiros, de tanta coisa boa.
País de mil heróis, guerras ganhas, perdidas,
da praia da Figueira à Foz das despedidas,
manhãs de nevoeiro em Alcácer Quibir,
d' El Rei que não virá, a um sonho que há-de vir.
País por inventar, deu mar às caravelas,
dobrou Adamastores, por cartas das estrelas,
dançou em novos mundos, com homens doutras cores,
nas Áfricas, nas Índias, antigos esplendores.
País que aos quatro pontos cardeais chegou,
da grandeza d’ outrora que migalha sobrou?
ó meu pobre País, com rosto de criança,
preserva a Caravela como um sinal de esperança.
António Sala
In “Palavras Despidas de Música”
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