ESPAÇO COLECTIVO ARTISTICO E CULTURAL - COORDENADO PELA POETISA AMÉRICA MIRANDA - E ONDE SE INSEREM AS CONTRIBUIÇÕES DE TODOS OS TERTULIANOS, TANTO EM VERSO COMO EM PROSA, COM O OBJECTIVO DE DIVULGAÇÃO E HOMENAGEM AO GRANDE POETA ELMANO SADINO !
Quinta-feira, 28 de Julho de 2005
TRIBUNA DOS POETAS - FÉLIX HELENO E ANTÓNIO SALA
ESCOLA VIVIDA
Por
Felix Heleno
Eu nunca fui à escola e sei escrever
Mas a escola veio a mim a cada instante
Só a vida me ensinou que p ra saber
Não basta ir à escola e ser estudante
Ser-se analfabeto é ler no vento
É escrever ao sol e ao luar
Saber ler e escrever no pensamento
O que a escola nem sempre quer ensinar
Quando algum qualquer senhor me quer dizer
Que p ra ser culto o importante é ser letrado
Que ser gente é ser diferente do que sou
Eu chego francamente a agradecer
De nunca numa escola ter entrado
E de saber tudo o que a vida me ensinou
Ser-se analfabeto é ler no vento
Saber ler e escrever no pensamento
O que a escola nem sempre quer ensinar
Não basta conhecer a teoria
Quem pensar conceber sabedoria
Tem de saber viver o verbo amar
Felix Heleno
In OLHOS DA MENTE
*
RECORDAR
Por
António Sala
Foi num dia de Setembro
Que eu te vi a medo.
Que eu te conheci.
Foi no frio de Dezembro
Que aqueci por dentro,
Ao olhar para ti.
Foi nas manhãs sem calor
Que senti nascer o amor.
Foi num dia de Fevereiro
Que olhaste p ra mim.
Foi no Março da aventura
Que despertou a ternura
Do gostar tanto de ti.
Foi no Abril do segredo
Que tu... que tu, quase a medo,
Me deste o primeiro beijo,
Enfim.
Foi no Maio dos meus cantos
Que vivemos mil encantos
Juntos de fogueira acesa
De santos e de alecrim.
E passaram alguns anos
Desde o dia inesquecível,
Em que eu acordei assim:
Senti mexer no teu ventre,
Nosso filho, sonho nosso:
Filho de ti e de mim.
Um menino nos nasceu
E bem depressa cresceu.
Mas sabemos que ele um dia
Nos irá dizer assim:
Que bom, também, recordar:
Olhar o tempo a passar
E ver um amor assim,
Continuado em mim.
Que bom, também, recordar,
Olhar o tempo a passar.
E ver os sonhos que estão
Ainda na nossa mão.
António Sala
In PALAVRAS DESPIDAS DE MÚSICA