POR RAZÕES DE ORDEM TÉCNICA E DE DISPONIBILIDADE ORGANIZACIONAL NÃO HOUVE POSSIBILIDADE
DE EDITAR ESTA TERTÚLIA COM A REGULARIDADE QUE SEMPRE NOS PAUTOU. PEDIMOS COMO É ÓBVIO
AS DEVIDAS DESCULPAS AOS NOSSOS LEITORES, PROMETENDO DESDE JÁ A ADOPÇÃO DE CRITÉRIOS MAIS
ADEQUADOS PARA QUE SEJA POSSÍVEL UMA ACTUALIZAÇÃO ATEMPADA.
Prof. Assis Machado
I - O Leão vencido pelo homem
Pôs-se em venda uma pintura
Onde estava figurado
Leão de enorme estatura
Por mãos humanas prostrado.
Mirava a gente com glória
O painel; eis senão quando
Um leão que ia passando
Lhe diz: é falsa a vitória.
Deveis o triunfo vosso
À ficção, blasonadores;
Com mais razão fora nosso
Se os leões fossem pintores.
*
II – O Corvo e a Raposa
É fama que estava o corvo
Sobre uma árvore pousado,
E que no sôfrego bico
Tinha um queijo atravessado.
Pelo faro àquele sítio
Veio a raposa matreira,
A qual, pouco mais ao menos,
Lhe falou desta maneira:
“Bons dias, meu lindo corvo;
És glória desta espessura
És outra fénix, se acaso
Tens a voz como a figura”.
A tais palavras o corvo
Com louca, estranha afoiteza
Por mostrar que é bom solfista
Abre o bico e solta a presa.
Lança-lhe a mestra o gadanho,
E diz: Meu amigo, aprende
Como vive o lisonjeiro
À custa de quem o atende.
Esta lição vale um queijo,
Tem desta para teu uso
Rosna então consigo o corvo
Envergonhado e confuso:
“Velhaca! Deixou-me em branco,
Fui tolo em fiar-me dela;
Mas este logro me livra
De cair noutra esparrela”.
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