*
CHI SEI ?
“Ao Giancarlo D. “
Uscito dalle rotaie del conformismo
salti sul trapecio della vita
piantando chiodi nel ventre
di questa societá in putrefazione.
E quando le ore, come squali
divorano la tua giornata
per sopravvivere
srotoli il gomitolo dell’ allegria erotica
chiudi a chiave il cuore
prima que franchi tiratori
riescano ad affondarlo nella bla-bla.
Alzi la mano, fermi lo sguardo
declami Brecht, Marx, il Vangelo ;
angelo-demone, bello e perverso
spacchi l’ ariditá pietrosa
dell’ ambiente che ti circonda.
In un giorno nasci e muori mille volte
in una metamorfosi continua...
CHI SEI ?
Un pacifista, un rivoluzionario?
O uno che sconta i suoi anni
in spericolate esperienze amorose?
CHI SEI ?
Se dovessi paragonarti ad un fiore
ti darei il volto del girasole;
se dovessi infonderti un’ anima
ti darei quella dell’ artista;
se dovessi importi un nome
ti chiamerei EROS.
*
QUEM SOU EU ?
“Ao Giancarlo D. “
Revelado pelas vias do conformismo
saltando sobre o trapézio da vida
cravando farpas no ventre
desta sociedade em putrefacção.
E quando as horas, tal como um inerte
devorando a tua labuta
para sobreviver,
desatado o novelo da alegria erótica,
fechado à chave o coração
antes que franco atiradores
consigam afundá-lo no bla-bla.
Levantada a mão, firme o olhar,
declamando Brecht, Marx, a Boa Nova;
anjo-demónio, formoso e perverso,
perdida a aridez pedregosa
do ambiente que te rodeia.
Num dia nascidos e mil vezes mortos
numa metamorfose continua...
QUEM SOU EU ?
Um pacifista, um revolucionário ?
Ou um que conta os seus anos
numa temerária esperança amorosa?
QUEM SOU EU ?
Se pudesse comparar-te a uma flor
dar-te-ia a roda do girassol;
se pudesse insuflar-te uma alma
dar-te-ia uma de artista;
se pudesse colocar-te um nome
chamar-te-ia EROS !Giovanni Formaggio
In DIARIO DELLA' ANIMA
ACORDAI
Por
Perpétua Matias
Subi ao mais alto
da minha imaginação.
Recuei no tempo
abriu-se uma janela
espreitei horizontes
de beleza e cor.
Era Portugal!
Meu país,
meu berço, minha raiz.
Árvores frondosas,
debruçadas sobre as águas
cristalinas dos rios,
nas planícies as searas
ondulavam,
ao sabor do vento.
O sol com o seu esplendor
mirava-se nas águas
do mar calmo,
que não tem idade.
Mas, ao retroceder
a força do meu pensamento,
vi a triste realidade, violência...
Crianças maltratadas,
abandonadas,
idosos a mendigar,
Portugal horrivelmente a arder.
Afinal, onde está aquele povo
que se orgulha de ser português?
Onde está o amor à Pátria?
E o respeito à bandeira nacional?
Acordai Portugueses,
acordai!
*
TEMPESTADE EMOCIONAL
Por
Lobo Mata
Estou cansado
de olhar o tempo perdido.
No incómodo
na angústia
na agonia
Farto
Do silêncio dos trovões
da escuridão dos relâmpagos
da limpidez da enxurrada
da calma tempestade
do arvoredo do deserto
da areia escaldante da Amazónia
da pacatez citadina
do barulho aldeão
da subida do precipício
da queda do Universo
do ruído do sonho
Quando incomoda
quando angustia
quando agoniza
Farto
Das trevas ocasionais
num tempo nunca achado
perdido.
Perdido
há muito tempo,
há tempo demais!
E choro
e grito
e canto
O pintassilgo
a andorinha
a cotovia
o cuco
os pardais...
Choro
canto e grito
A vida
a liberdade
de todos
de todos os animais!
Em gaiolas de cimento
prisões de encantamento
mentes empobrecidas...
Que vida ?
«Foge»
é demais!
**
BOCAGE
Por
Félix Heleno
Mas nem a terra fria e bem concreta
o conseguiu calar perpetuamente,
não há terra que devore o transcendente,
nem há vermes que devorem o poeta.
Não há fim num horizonte em linha recta,
no futuro, no passado e no presente,
há-de haver sempre um Bocage irreverente
enquanto houver no mundo uma caneta.
Enquanto o sol nascer no horizonte,
enquanto houver um nome de Malhoa,
enquanto Deus nos der alento e voz.
Há-de ser Camões em verso a nossa fonte
e enquanto houver um nome de Pessoa
haverá sempre um Bocage em todos nós!
*
FOLHAS CAÍDAS
Por
Eugénia Chaveiro
Nasce uma criança
a alegria é imensa
é sempre rodeada
com imensos carinhos.
As que têm a sorte
de não ter a diferença
de nascer em mau norte
esta é desprezada
e segue outros caminhos
risonhos ou tortuosos...
Mesmo os bem nascidos
chegam um dia a idosos
e então vem o aborrecimento
maior ou menor
é sempre velhice...
não dá rendimento
que grande chatice!
Se não há amor
faz-se como às árvores
corta-se-lhe uma haste
e se houver calor
depois rebenta
corta-se a raiz
então não aguenta
vê bem se escutaste!
Deus, isto não quis!...
**
APOLOGIA AO POETA
Por
José de Sousa
Ser poeta!
É ter algo de transcendente
nos seus pensamentos.
É estar num lugar
onde a sua filosofia de vida
esteja acima do plano etéreo.
Ser poeta!
É ser alguém que considera
todos os homens iguais a si.
E que as suas mensagens,
sejam como um lenitivo
capaz de sarar as dores alheias.
Ser poeta!
É ser simples e honesto
vivendo no sonho da perfeição.
Lutando com as suas palavras
para que haja alegria,
paz e união em todo o mundo.
Ser poeta!
É a forma mais perfeita
de ser irmão dos humildes
e dos deserdados da fortuna.
Por isso, o poeta deve estar
onde a sua mensagem
possa ser ouvida.
Enfim,,, ser poeta!
É irmanar-se
com toda a Humanidade.
Num âmbito mais lato
o poeta é aquele que interpreta
nas suas mensagens
o sentir dos corações
onde há dor.
***
« CASA DE BOCAGE »
EXÓTICA SUGESTÃO
Por
Fernando Eloy do Amaral
“Depois de morto cevada ao rabo” – lá diz o velho ditado. “Depois da virgindade perdida não se volta à inocência, nem se torna necessário tanto resguardo”. Não se perde o já perdido. É louvável proteger imóvel de “valor simbólico e histórico importante para a memória colectiva da população”. Mas lamentável é não se ter protegido essa “primitiva” e “verdadeira” Casa que a tradição nos dizia nela ter nascido o Poeta Bocage.
Casa infelizmente destruída, como é sabido, por ilustres sábios e conscienciosos “restauradores” de edifícios famosos, sejam eles grandiosos, na forma e no estilo artístico, ou singelos e desataviados, modestos e até paupérrimos, e nos quais ocorreram preciosos eventos notáveis dignos da nossa memória.
Que a “fictícia” “Casa de Bocage”, actual sucessora da “ex-Casa de Bocage”, venha a ter utilidade cultural e o agrado de todos, são os nossos sinceros votos, e que tenha a necessária e justificada protecção e inúmeros visitantes, são os nossos delicados desejos.
O Poeta Bocage será sempre recordado, sem a “verdadeira” Casa onde nasceu, sem mausoléu ou cenotáfio, sem essa suposta Casa, situada algures em Setúbal, onde teria na “realidade” nascido o excelso Vate, segundo um aturado estudo, recente, de um ilustre historiador e biógrafo brasileiro, e sem o devido carinho, merecido, de muitos responsáveis pela Cultura do espírito e zeladores do Património Nacional.
Para recordar o poeta Bocage basta o que ele poeticamente criou, os seus Belos e Luminosos Versos Imortais.
Um exótica sugestão: «Acrescentar junto à lápida, já colocada na chamada “Casa de Bocage”, outra, com os dizeres elucidativos “Esta Casa assinala a já não existente onde nasceu o Poeta Bocage”».
Seria um remate curioso!
FIGURA DI UOMO
Di
Angelo Cianci
Com la pelle scura,
abbronzata dai raggi del sole,
il volto senza speranza,
curvo sotto il peso degli anni
e delle povere pesanti cose,
affaticato e a passi lenti,
l’ ho visto scomparire
dietro una collina.
*
FIGURA DE HOMEM
Por
Angelo Cianci
Com a pele escura
bronzeada pelos raios de sol,
o rosto sem esperança,
curvado sob o peso dos anos
e sobrecarregado pela pobreza,
destroçado e em mortiços passos,
vi-o desaparecer
por detrás de uma colina.
* *
L’ AMORE
Di
Baldassarre Turco
Che gioia,
che pace per l’ essere
umano
che trova,
chi un poco gli voglia
di bene.
Si illumina
il cielo,
risplende la terra
per l’ essere
umano che trova
l’ amore.*
O AMOR
Por
Baldassarre Turco
Que tesoiro,
que paz
por ser humano
que acha
quem um pouco
lhe queira
de bem.
Alegra-se o céu,
resplandece a terra
por ser humano
quem encontra
o amor.
* *
OUTRA VEZ MENINOS
Por
António Sala
Em rapazes nossos sonhos são sorrisos
que estendemos às miúdas no passeio:
risco ao lado, a fingir que já se é homem,
mas por dentro, treme, treme, ai que receio!
Eis que um dia, ela olha os nossos olhos.
Sentimos na cabeça foguetões
e mais tarde, no primeiro beijo a sério,
descobrimos o que são emoções.
Emoções que nos trazem vida nova:
lá em casa há um filho para nascer.
E voltamos de novo a ser meninos,
na criança que ali vemos crescer.
Vai ter sonhos iguais aos que tivemos:
é bombeiro e nós queríamos doutor,
e se à noite há trovões na sua cama,
é a nossa vez de aconchegar o cobertor.
*
AO VER-TE SONHEI
Por
Frassino Machado
Ó Paola formosa,
pétala de rosa,
diz-me como vens
assim tão ditosa?
Em teus olhos tens
perdido um sorriso
que me leva o siso
e m’ enche de bens.
E se meu siso vejo
pela tua advertência
nenhuma outra essência
me traz este desejo.
Ó minha flor austera
tu’ alma neste lume
sugere-me o perfume
de um corpo de quimera.
Ao ver-te sonhei
senti tua imagem
e por esta aragem
eu já me não sei.
Nostálgico fico
e apenas lamento
não seres de momento
o meu Porto rico!
* *
SALVE, MENINA E MOÇA
Por
José Branquinho
Salve, menina e moça, meu encanto neste mundo!
A graça feita mulher, qual flor do meu jardim.
Luar de prata neste rio em que me inundo...
Verso renovado de inspiração sem fim.
Em ti me inspiro. Por ti choro e canto.
Sou melhor poeta a escrever por ti.
Ah, como te quero! Como vives em meu canto!
Nunca, por alguém, tanto querer senti.
Deusa que pus no altar que idealizei.
Reúnes em ti encantamento que dá vida.
A tua imagem com ternura ali guardei...
Morrerei sem te ter, musa querida!
Anos sem fim, ansioso, andei sonhando.
Rezei por um ideal que hoje encontrei.
Ideal mulher, por ti sou feliz, cantando...
A ti, e só a ti, meus versos consagrei!
*
VIAGENS DE IDA E REGRESSO
Por
Helena Bandeira
Não há finais. Também não há começos...
Não há algo a partir ou a chegar...
Apenas etapas ou metas a alcançar,
além de atropelos, choques e tropeços.
Vários atropelos, choques e recomeços,
enquanto vivos por aqui andamos...
E sofrendo e amando nos quedamos
numa ignota espera doutros regressos.
Não há “nascer”... menos ainda o seu inverso...
“morrer” é palavra feia, fria e até sem nexo!
Falemos somente de caminho no sentido inverso...
De muitas e várias viagens de circuito complexo,
de muitas e diversas viagens de ida e regresso,
que, apesar de o parecer, nada têm de desconexo!
* *
Os meus links