PORQUÊ ?
É tão fácil falar
dizer que acabou
que chegou o fim
que tudo passou !
Tão fácil para ti
apagar o amor,
sim, fácil,
porque não sentes esta dor.
Esta dor interminável
que não me deixa seguir
que não me deixa esquecer
que não me deixa partir...
Lembro de nós
dos nossos momentos
das tuas palavras
dos meus sentimentos
do sabor do teu beijo
do doce do teu olhar
tuas palavras meigas
que me faziam sonhar.
Sonhar com o teu sorriso
com o teu perfume eloquente
com o calor do teu corpo
com o teu beijo quente...
O teu aroma me seguia
e me rodeava por todo a lado.
Era o aroma do amor
e de alguém apaixonado.
Porque me fizes-te isto?
Porque me abandonas-te?
Porque quises-te partir?
Porque me enganaste?
Fizeste-me crer em ti,
acreditar que era possivel
que tu eras a porta
para eu passar de nível.
Esquecer mágoas antigas,
abrir as janelas do meu coração,
abrir a porta principal,
deixar entrar a paixão!
Nunca pensei que me pudesse enganar
e que mais uma vez me iria magoar.
Nunca pensei que tudo era uma farsa
e que em pouco tempo iria acabar...
Não consigo suportar
o que estou a sentir
ainda não acredito
que me estavas a mentir.
Quero pensar que estou num sonho,
um sonho mau... mas irreal
e que passados alguns momentos
acaba todo este mal.
O mal, a dor,
a tristeza do meu coração
todos estes sentimentos
consequência da tua traição !
Porquê? Porquê?
Pergunto ao meu coração
mas ele chora incansável
e não encontra a razão.
Apesar de tudo
não te consigo esquecer
e é este amor eterno
a minha cruz..até morrer !
Raquel Pereira / Benjamim11º H , 16 anos
in SENTIMENTOS DE UMA ADOLESCENTE
“INTERPRETAÇÃO DE UM SONETO”
Por
M.ª de Lourdes Agapito
«Meus dias, que já foram tão luzentes,
hoje de noite opaca irmãos parecem;
meus dias miseráveis emurchecem
longe do gosto e longe dos viventes.
Horror das trevas, peso das correntes
olhos, forças me abatem, me entorpecem, e apenas por momentos me aparecem
rostos sombrios de intratáveis entes.
Pagam-se de rugosa austeridade;
antolha-se-lhe um crime, um atentado
sofrer nos corações a humanidade.
Voai, voai do céu para meu lado,
Ah! Vinde doce amor, doce amizade,
sou tão digno de vós, quão desgraçado».
Bocage
In RIMAS
ABRI A JANELA AO VENTO
Por
Amélia Marques
Abri a janela ao vento
para a tristeza levar,
o vento tão violento
teimoso não quis entrar.
Abri a janela ao sol
para a minha alma alegrar,
vi um lindo girassol
que encantou o meu olhar.
É o sol o redentor
de toda a alma sofrida,
ilumina e acalma a dor
dos sofrimentos da vida.
E assim vamos vivendo
neste mundo dos mortais,
vivendo e não esquecendo
dos que já não voltam mais.
*
OLHAI POR ELES, SENHOR
Por
José Ribatua
Noite de Inverno
chuva cai intensamente
gente se aquece em lareira
outros na rua, como demente.
Os Sem Abrigo estiraçados
em piso húmido e frio
dormente seu corpo fica hirto
sua vida por um fio.
Vida triste e cruel
não sei se por eles dão
dormindo de pedra em pedra
aguardam caldo e pão.
Olhai por eles, Senhor,
já que na terra não olham
acalentai-os de sua sorte
alimentai-os com o que sonham...
**
DOCE FEITIÇO
Por
América Miranda
Teu feitiço doma o meu olhar
e minh’ alma é prata derretida
meu corpo nas nuvens vai voar
e do mundo me sinto desprendida.
Brinco com o amor e com a vida
mergulho em silêncio no verde mar
deito-me na areia adormecida
deixando o coração sempre a pulsar.
Quero ir ao Firmamento a bailar
deixo meu ente entregue ao vento
e quedo-me simplesmente a meditar.
Não tem rédeas o meu pensamento
meu seio tem um meigo palpitar
que inebriante e doce este momento!
*
O NOSSO ADEUS
Por
Celeste Reis
Na hora do nosso adeus
fica-nos a voz embargada
mas não lastimosa
tornando mais saborosa
a hora da chegada.
O nosso adeus
cobria de estrelas
o céu da nossa ventura
levando nossas almas
ao êxtase da ternura.
Era grande a comoção
na hora da partida
vibrava a alma de emoção
dando novo sabor à vida!
Aquele adeus
era um breve afastamento
uma despedida calorosa
dando ao nosso sonho
um tom mais cor-de-rosa
um maior encantamento.
Naquele adeus
não havia separação
mas apenas o fermento
dum enorme contentamento
que dava alento ao coração.
Aquele adeus
era um intervalo de esperança
reforçando a lembrança
de novo encontro
à nossa medida.
Pois quem do amor
jamais se olvida
não sabe destruir
e só pensa em unir
o que há de melhor
nesta vida!
DONA JEITOSA
Por
Lobo Mata
Olá Dona Jeitosa
como está passando
com essa cara gostosa
que me vai tramando.
Que me vai tramando
sem dar sinal
nem sequer escutando
meu grito final.
Com essa cara gostosa
e corpo bem feito
clamando ditosa
apontando o defeito.
Como está passando
suas noites, seu dia
pensamentos errando
em festas, em folia.
Olá Dona Jeitosa
pró bem e pró mal
com essa cara gostosa
o fim será igual.
VIVA DONA JEITOSA
COMO ESTÁ PASSANDO
COM ESSA CARA GOSTOSA
QUE ME VAI MATANDO.
*
QUEM QUER AMAR ?
Por
Fernando Eloy do Amaral
Quem é que um pobre velho quer amar?
Que viva a sua triste solidão
se perdeu o seu sonho, a ilusão
e o real vivido viu passar.
E quem vai adoçar seu amargor,
aguentar algidez de coração,
dar suave carícia e devoção
à sua existência a perder cor?
A solidão dá olhos de saudade...
é sepulcro de tudo o que passou
e o berço voraz de uma ansiedade.
Já não se sente amado quem amou,
quem agora sujeito à caridade
do que nele apenas só ficou.
**
OLHAI QUE VALE A PENA
Por
Mª de Lourdes Agapito
À memória de Fernando Namora
- Olhai que vale a pena ver
o sol alaranjado a nascer...
O mar importante e forte,
poderoso com furor de morte.
Olhai Aquele cisne de alvura imaculada
tão puro como a pálida madrugada!...
E o lindo céu azul que escureceu
porque o poeta, o médico morreu!
Olhai!... O sol desceu e vem saudá-lo
e as nuvens branquinhas vêm buscá-lo.
De olhos fechados o poeta dorme
pequenino, frágil, grande, enorme!...
*
ELE HÁ COISAS ...
Por
Eugénia Chaveiro
Eu vou fazer escrevendo
o que a falar não consigo
o papel é meu aconchego
para expressar minhas penas
sinto que ele é meu amigo
por isso faço-o sem medo
escrevendo não sinto algemas
mesmo que diga em segredo
ditado do coração
não sinto a troça e o desdém
de sentir a dor da ingratidão
as coisas que o mundo tem...
**
BOCAGE E O PODER
Bocage desprezava qualquer tipo de poder pois sabia, melhor que ninguém, que este corrompia as almas e muito mais as Instituições. Aproveitando-se da sua inspiração e repentismo ele jamais desperdiçava uma oportunidade que se lhe deparasse como oportuna e vai daí denunciava, com frontalidade, todas as situações.
Não surpreende que Bocage acabasse por tombar nas garras daqueles que tão nobremente enjeitava sob o ponto de vista intelectual.
Em Agosto de 1797 o Intendente Geral da Polícia, Pina Manique, decretou a sua prisão, tendo sido, segundo tudo indica, o autor de um relatório para o Bispo Inquisidor Geral sobre o caso, com a data de 1797. Havendo a informação de que circulavam “papeis ímpios, e sediciozos” na Corte e no Reino, mandara indagar sobre a sua autoria, a qual foi imputada a Manoel Maria Barboza du Bocage, o qual vivia em casa de um cadete do Regimento da Primeira Armada, de seu nome André da Ponte e natural da Ilha Terceira. Tratava-se de André da Ponte do Quental da Câmara e Sousa, que viria a ser avô paterno de Antero. Em casa de André da Ponte a devassa de que foi encarregado o Juiz do Crime do Bairro de Andaluz achará vários papeis produzidos por Bocage, entre os quais “hum infame papel ímpio, e sediciozo, que se intitula Verdades duras, e principia Pavoroza Illuzão da Eternidade e acaba, de Opprimir seos Iguaes com o férreo Jugo (…)”.
Síntese de
Assis Machado
METAMORFOSI
di
Giovanni Formaggio
Qui, tra le braccia del tramonto
vivo la mia metamorfosi.
Slaccio le scarpe del giorno
l’ anima trasuda di sole
odoro di nuovo mosto
presagio di generose primavere.
Il cuore respira incensi
di resurrezione
s’ abbandona ai silenzi della sera
ruba loce a quel prato
di stelle.
Qui, filo d’ erba tra le braccia
della notte
mi sento pergamena
con preghiere antiche
vela d’ oro
cullata dalla mano di Dio.
*
METAMORFOSES
Por
Giovanni Formaggio
Aquí, nos braços do pôr-do-sol
vivo as minhas metamorfoses.
Desaperto os sapatos do dia
a alma impregnada de sol
inspira o novo mosto
prenúncio de generosa promavera.
O coração respirando incensos
de ressurreição
abandona-se aos silêncios da noite
roubando luz num prato
de estrelas.
Aqui, fio de erva nos braços
da noite
sinto-me trespassado
com antiga prece
vela de ouro
embalada pela mão de Deus.
**
LA NOSTRA VITA
Di
Giovanni Formaggio
La nostra vita è qui
in questa casa abbrunita dal tempo,
tra le braccia dei campi.
Ti portai, per mano,
molti anni fa,
incontro a miraggi di sogno...
Qui, viviamo gioie e dolori
nell’ inesorabile andare delle stagioni…
Insieme,
guardiamo sulla madia
i ritratti dei figli.
Nel silenzio discreto dei campi,
seduti sulla pietra,
accanto al vaso grande dell oandro,
affiamo tanto di loro,
per mano,
come quel giorno rimasto intantto nel cuore,
attraversiamo il gorgo...
Cosi che il primo di noi che se n’ andrà
possa dire all’ altro:
fummo felici insieme.
*
A NOSSA VIDA
Por
Giovanni Formaggio
A nossa vida está aqui
neste casa bronzeada pelo tempo,
nos braços das campinas.
Levar-te-ei pelas mãos,
muitos anos passados,
de encontro às miragens do sonho...
Aqui, vivamos alegrias e dores
no inflexível decorrer das estações...
Juntos,
guardemos sobre a arca
os retratos dos filhos.
No silêncio discreto dos campos,
sentado sobre a pedra,
ao pé do vaso grande de alcoendro,
confiemos em toda a gente.
Por mão,
aquele dia estando intacto no coração,
atravessemos o redemoinho...
Assim o primeiro de nós que não viagem
possa dizer ao outro:
fomos felizes juntamente!
**
Os meus links