ESPAÇO COLECTIVO ARTISTICO E CULTURAL - COORDENADO PELA POETISA AMÉRICA MIRANDA - E ONDE SE INSEREM AS CONTRIBUIÇÕES DE TODOS OS TERTULIANOS, TANTO EM VERSO COMO EM PROSA, COM O OBJECTIVO DE DIVULGAÇÃO E HOMENAGEM AO GRANDE POETA ELMANO SADINO !
Quarta-feira, 25 de Maio de 2005
A TRIBUNA DOS POETAS - AMÉLIA MARQUES
AOS CASAIS QUE SE AMAM
Por
Amélia Marques
No azul do Firmamento
brilha o lindo sol doirado,
como é o amor intenso
de quem ama e é amado.
Meu amor vem bem cedinho,
não demores a chegar,
esperam-te os meus carinhos
e os braços p ra te abraçar.
Como vês, ó minha querida,
não demorei a chegar.
Galguei vales e montanhas
perto de nuvens tamanhas
p ra tua boca beijar !
Amélia Marques
Segunda-feira, 23 de Maio de 2005
A TRIBUNA DOS POETAS - MA. DE LOURDES AGAPITO
PESADELOS
Por
Mª de Lourdes Agapito
Vivemos, no presente, acorrentados
a drogas, a doenças, a vaidade;
as horas de haver sexo sem noivados;
da vida ser, tão só,
promiscuidade.
Incensam-se os demónios, inventados
num tempo consumido sem verdade;
há cio em mil corpos tatuados;
e alfurjas onde morre a mocidade.
E há, nas opressões descomedidas
- sem rumo as ilusões envelhecidas
quem durma a cogitar que ainda sonha.
Ó Deus, liberta tanta gente em retirada,
e faz que a Era Nova, já chegada,
nos traga um Novo Tempo
de vergonha!
Mª Lourdes Agapito
"PARA QUE CONSTE" - ANTÓNIO CARVALHO
HOMENS, ARTES E TRETAS
Por
António Carvalho
O ano de 1956 foi de expectativa e de esperança para os pintores e escultores dessa época. Acabava de ser criada a Fundação Calouste Gulbenkian, que viria a conceder bolsas de estudo em Paris ou em Londres.
Em Dezembro do ano seguinte foi inaugurada a primeira grande exposição daquela Instituição, mas com esse certame veio a desilusão, o descontentamento e a indignação.
Os grandes artistas portugueses, acreditados pelo público e pela crítica foram recusados.
Já pouco interesse terá hoje, este grande acontecimento da vida artística portuguesa. Tudo passa e tudo se vai perdendo da lembrança com o andar dos tempos, modas e gostos. Hoje os frequentadores das exposições já não se lembram e os actuais artistas, na maioria, não têm conhecimento deste facto histórico da nossa sociedade artística.
A organização desta exposição tinha, infalivelmente, que constituir um Júri de Admissão que foi presidido por um administrador da Fundação e constituído por mais seis membros: Dr. João Couto e escultor Diogo de Macedo, respectivamente director do Museu de Arte Antiga e Contemporânea; arquitecto Carlos Ramos, director da Escola Superior de Belas Artes do Porto; Dr. Mário Chico, professor da História de Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, arquitecto Keil do Amaral, e ainda Sallés Pais, crítico de Arte, com certa actividade na época. Quase todos o artistas apresentaram as suas produções a tão ilustre Júri. Ao todo cerca de 2500 obras, número jamais atingido em provas semelhantes, por isso imprevisível, e o espaço somente permitir a apresentação de uma parte mínima destas obras.
( Continuação
)
António Carvalho
A TRIBUNA DOS POETAS - CELESTE REIS
OLHA-ME APENAS
Por
Celeste Reis
Quando te vejo para mim olhar
esse olhar é tão doce,
fico sem poder falar
para dizer fosse o que fosse.
Os olhos falam calados
sendo mudos dizem tanto
quando estão apaixonados
brilham com mais encanto.
Só os olhos podem dizer
aquilo que a boca cala
se eles por si falassem
a boca
perdia a fala.
Sem palavras articular
sem emitir um som
basta apenas um olhar
e a paixão sobe de tom
O brilho do teu olhar
lembra-me o sol ao nascer
brilham muito mais os meus
quando te vejo aparecer.
As estrelas que brilham no céu
só elas podem testemunhar
que a linguagem mais bela
é a linguagem do olhar.
Porque as palavras são escassas
jamais poderão explicar
porque só quando me abraças
se incendeia o teu olhar.
Palavras
palavras pra quê?
olha-me só, não digas nada,
basta-me apenas o teu olhar
e a alma suspira apaixonada
Certa noite enluarada
com tua mão
na minha apertada
vendo as estrelas
brilhando serenas
eu digo emocionada
olha-me apenas
não digas mais nada.
Noites de Verão
cálidas amenas
não digas nada
olha-me apenas!
Celeste Reis
EM NOME DA TERTÚLIA - POR AMÉRICA MIRANDA
AGRADECIMENTOS TERTULIANOS
À JUNTA DE FREGUESIA DE BENFICA
A Tertúlia Poética Ao Encontro de Bocage agradece à Junta de Freguesia de Benfica e em especial aos Drs. Carlos Sancho e Glória Monteiro a oportunidade que nos deram, de todos os 1ºs Sábados de cada mês, das 18 às 20 horas, organizarmos eventos no Auditório Carlos Paredes, da referida Junta. Eu, América Miranda, muito especialmente, agradeço pelos apoios, a amizade e boa vontade demonstradas.
América Miranda
Quinta-feira, 19 de Maio de 2005
A TRIBUNA DOS POETAS - PERPÉTUA MATIAS
AMOR SUBLIME
Por
Perpétua Matias
Esta tarde fim do dia
o sol já se escondia
olhei o seu esplendor
veio a noite e o luar
e eu ali a meditar
nos frutos do meu amor!
Sou vosso pai e amigo
quero explicar, não consigo,
a força deste bem querer
há emoção, alegria,
pois a falar choraria
assim pensei em escrever.
Minhas filhas adoradas
andam sempre bem guardadas
dentro do meu coração.
Em bébés vossas gracinhas
suaves lembranças minhas
que me enchem de emoção.
Amor de pai é profundo
é do tamanho do mundo
cresce, cresce, nunca pára.
É puro, é grandioso
por vós me sinto ditoso
amo-vos Cátia, Leila e Sara.
E nos laços que nos prendem
nossos sentidos entendem
este amor que nos atrai
tanto carinho e ternura
felicidade, ventura,
este prazer de ser pai !
Perpétua Matias
Sexta-feira, 13 de Maio de 2005
TERTÚLIA ITINERANTE - « TERTÚLIA DA PRIMAVERA »
Crónica de
Assis Machado
Ainda o sol estava um pouco alto, mas já entrava oblíquo pelas copas verdejantes das tílias da avenida, quando começaram a aparecer os primeiros tertulianos para mais uma Tertúlia no Auditório Carlos Paredes, em Benfica.
Era o primeiro sábado de Maio - mês das merecidas homenagens a todas as mães e mês das flores, as quais passeiam por todo o lado feitas rostos sorridentes de seres vivos que, ansiosamente, esperam a confirmação de mais uma Primavera.
Enquanto esperamos pelas primeiras intervenções olhámos o público que, com animação e ansiedade, acorreu em bom número. Eram 18 horas em ponto.
A nossa América Miranda, insigne coordenadora e apresentadora da Tertúlia, iniciou o espectáculo com a declamação de um poema de sua autoria em homenagem à sua própria mãe e dedicado a todas as mães presentes. Foi aplaudida com muita sensibilização e carinho.por todos os presentes.
De seguida actuou o artista de todos os momentos, Mário Valejas, que contracenou com América Miranda um número alegórico divertido, muito bem concebido. Sairam-se a contento e todos apreciaram a interpretação.
Seguiu-se no palco o tempo de Félix Heleno que, com a mestria a que nos habituou, cantou duas canções de sua autoria, em play back, de sabor popular que deu para toda a gente aplaudir. Até serviu para a apresentadora dar mostras de um pé de dança, o que a assistência muito apreciou.
Foi a vez do poeta e artista Júlio Roberto para, com a competência que lhe é reconhecida, nos ofertar alguns momentos de poesia que todos acarinharam.
A seguir América Miranda chamou ao palco o autor destas linhas que declamou dois poemas. Um da autoria da própria América Miranda, que ficou muito sensibilizada e reconhecida e outro, de minha autoria, referente ao nosso 25 de Abril, comemorado recentemente. A apresentadora aproveitou a minha estada em palco para solicitar
que iniciasse o Hino da Tertúlia, convidando toda a gente a cantar de pé. Todos aderiram à ideia e com entusiasmo participaram cantando. Tratou-se de um belo momento de confraternização de ideais.
Subiram ao palco e encantaram com boas prestações poéticas as tertulianas Perpétua Matias, Custódia Pereira e Celeste Reis, que foram muito aplaudidas, seguindo-se-lhes a actuação do cantor tertuliano Humberto de Castro. Este cantou duas canções, a karaoke, uma de José Afonso e outra de sua autoria. A assistência gostou e acompanhou certas partes com muitas palmas.
Entrou em cena novamente América Miranda para, com empenho e saber, apresentar mais dois poemas, muito apaudidos. Também Amélia Marques teve boa prestação nas suas duas declamações tendo o público aplaudido.
Chegou a vez novamente do autor destas linhas que, acompanhado à viola, interpretou ao vivo dois temas alusivos à Primavera. Canções que toda a gente acompanhou com entusiasmo e com palmas nos refrões.
De seguida actuou, dizendo um poema, o poeta Eduardo Paulitos que quis juntar à Tertúlia a sua colaboração. Foi de bom nível e todos apreciaram.
Subiram ao palco as tertulianas Eugénia Chaveiro e Maria de Lourdes Agapito que, com boas actuações, nos apresentaram dois poemas cada. O público gostou e aplaudiu. E novamente Humberto de Castro voltou a interpretar mais dois temas de sua lavra que muito encantaram. O público gostou e acompanhou na medida do possivel. Foi bem aplaudido.
Para terminar, América Miranda agradeceu a presença de todo o público que foi excelente, tendo deixado o convite para que voltem sempre com o mesmo empenho e satisfação de hoje.
Assis Machado
Quinta-feira, 12 de Maio de 2005
A TRIBUNA DOS POETAS - AMÉRICA MIRANDA
DESLUMBRAMENTO
Por
América Miranda
A Natureza é tão deslumbrante
quer na chuva que vai cair,
quer no sol que aparece radiante,
quer nas estrelas no céu a surgir.
Há beleza num riacho a correr
no raio que ilumina o Firmamento
até a tempestade a aparecer
ao poeta inspira encantamento.
Homens não percam a vossa fé
de matar não tendes qualquer direito,
para que estejais sempre de pé
levai a vida com coragem e a preceito.
Contemplai em redor a Natureza
essa obra imensa sem ter par
admirai essa enorme beleza
que nada a consegue igualar.
E quem fez todo este deslumbramento?
Quem teve esse poder tão criador ?
Alguém que vão deixando no esquecimento
foi Deus, nosso Rei, Nosso Senhor.
E é Ele na Sua bondade infinita
que me ajuda a superar toda a desdita !
América Miranda
Domingo, 8 de Maio de 2005
TERTÚLIA EM ACÇÃO - «SER TERTULIANO»
Dedico esta "minha prosa" a todos os Tertulianos militantes !
Quando me levanto pela manhã e saúdo a Vida com tudo o que ela tem de maravilhoso, de bondoso, de alegre, de estético e de benfeitoria, eu estou sendo tertuliano.
Quando me encaminho para a realização quotidiana das minhas tarefas profissionais, sem deixar esquecer que em todo o momento que passa eu posso descobrir em todas as coisas a sua dimensão poética, estou sendo tertuliano.
Quando me relaciono, ao longo do dia que passa, com quem se cruza comigo nas mais diversas situações, e ornamento este relacionamento com gestos de simplicidade e amizade matizada de humanismo, isto é, valorizando toda a dimensão humana do ser que me interpela, estou sendo tertuliano.
Quando descubro no rosto de alguém aquelas marcas de angústia, de sofrimento, de incerteza e de solidão e tenho para esse alguém uma sempre disponível palavra de solidariedade e de companheirismo, estou sendo tertuliano.
Quando nas mais díspares oportunidades que no dia a dia se me deparam, apesar das contrariedades e das barreiras sempre imprevisíveis, em vez de me deixar abater pelo não te rales da comodidade sempre à mão, eu descobrir em cada momento um oportuno lenitivo, feito parcela poética, que acrescentará algo ao património literário que é a minha pátria, estou sendo tertuliano.
Quando no evoluir dos dias que passam eu me lembrar a cada momento de que para além de mim tenho mais uns tantos companheiros que comungam do mesmo ideário e da mesma forma de estar na vida, dando testemunho de criatividade e de originalidade na arte de comunicar através da palavra feita verso, estou sendo verdadeiramente tertuliano.
Quando, finalmente, chega aquele dia especial de mais uma vez eu ir ao encontro de outros tertulianos que, como eu, sentem saudades do último encontro e querem acrescentar, no diálogo das palavras, da luz, da sonoridade e da música sempre presente em cada gesto, mais uma página na arte de ser pessoa, estou sendo plenamente tertuliano.
Ser tertuliano, vendo nos outros em plenitude a projecção da sua própria personalidade, naquilo que ela tem de complementaridade, é ser Tertúlia, isto é, espaço vivo e activo onde aconteça poesia e onde se possa ser um pouco mais feliz.
Prof. Assis Machado ( * )
Lisboa, Abril de 2005
( * ) - Membro da Tertúlia Poética "Ao Encontro de Bocage",
fundada e presidida pela poetisa América Miranda.
Sexta-feira, 6 de Maio de 2005
OS AMIGOS DE ITÁLIA - ACADEMIA INTERNAZIONALE « IL - CONVIVIO »
QUESTO STRANO AMORE
Di
Matteo Trotta
Vorrei poterti
comandare, amore,
quando d' impeto
giungi al mio core,
e come un bimbo
mi prendi per mano.
Vorrei poterti
trattenere, donna mia,
quando del sogno
mi appari evanescente
e leggera come
una nuvola estiva.
Vorrei poterti
fermare, strano amore,
ma non posso...
perché dentro mi bruci.
Vorrei dirtelo : ti amo,
ma l' ardente passione
è sempre qui,
prigioniere di me.
IL CONVIVIO, Anno VI, Nº 1, Pg. 23
=====
ESTE ESTRANHO AMOR (*)
Por
Mateus Trota
Quereria poder
comandar-te, amor,
quando o ímpeto
chega ao meu coração,
e como uma criança
me toma pela mão.
Quereria poder
conter-te, senhora minha,
quando do sonho
me apareces evanescente
e suave como
uma nuvem de Verão.
Quereria poder
encerrar-te, estranho amor,
mas não posso
porque me queima a alma.
Quereria dizer-te: eu te amo,
mas a ardente paixão
está sempre aqui,
prisioneira de mim.
(*) Transcrição / Adapt.:
Frassino Machado