ESPAÇO COLECTIVO ARTISTICO E CULTURAL - COORDENADO PELA POETISA AMÉRICA MIRANDA - E ONDE SE INSEREM AS CONTRIBUIÇÕES DE TODOS OS TERTULIANOS, TANTO EM VERSO COMO EM PROSA, COM O OBJECTIVO DE DIVULGAÇÃO E HOMENAGEM AO GRANDE POETA ELMANO SADINO !
Sexta-feira, 22 de Abril de 2005
A TRIBUNA DOS POETAS - "SANGUE NOVO IDEIAS NOVAS"
SALVE NOVAS TERTULIANAS !
É com satisfação e júbilo que duas novas Tertulianas vieram enriquecer esta TERTÚLIA POÉTICA. Uma Custódia Pereira por proposta do tertuliano Assis Machado e outra Helena Bandeira por convite da nossa Presidente América Miranda.
Às duas desejamos uma plena e feliz integração e, em simultâneo, desejamos desde já uma sã e abnegada colaboração, com o objectivo nobre de um enriquecimento maior desta Agremiação Literária. Para o preclaro efeito destinamos este espaço para a primeira contribuição das ilustres estreantes.
TALVEZ DO CÉU SEJA DIFERENTE
por
Custódia Pereira
Leva-me para o Céu
não me deixes aqui ficar,
quem tudo já perdeu
não tem mais aqui lugar.
Talvez no Céu haja paz
haja amor e alegria,
no Céu ninguém me fará
sentir esta nostalgia.
Tão pequenina me sinto
tão frágil e transparente,
neste mundo tão faminto
sugando a alma da gente.
***
SE UM PÁSSARO EU FOSSE
por
Helena Bandeira
Se um pássaro eu fosse
Se um pássaro eu pudesse ser
Um pássaro fabuloso,
majestoso,
que voasse, voasse
num infinito nebuloso
Sempre subindo,
subindo
sem o voo interromper,
voando, voando,
sem nunca se deter
Um pássaro que voasse
sempre em voo ascendente
até que te encontrasse,
mesmo depois de se perder!
Se um pássaro eu fosse
Se um pássaro eu pudesse ser !...
"" ** ""
Quinta-feira, 21 de Abril de 2005
TRIBUNA DOS POETAS - Mª. DE LOURDES FERREIRA , benvinda à Tertúlia !
Esta nossa amiga - desde a primeira hora tertuliana dos sete costados ! - após uma delicada operação cirúrgica, regressou ao convívio da Tertúlia, tendo sido recebida por todos com o maior carinho e satisfação. Dediquemos-lhe este espaço.
IMAGINEI A TUA VOZ
por
Mª.de Lourdes Ferreira
Cheguei à janela, noite cerrada,
pensando num amor que eu não via,
lembrando a voz, me sentia acarinhada,
na janela as horas eu perdia.
Fui-te esperando, até de madrugada,
a noite me fazia companhia,
imaginei a tua voz encantada,
era o amor, que jamais eu esquecia.
Vi-te no nosso jardim florido,
onde a açucena era a nossa flor,
todas elas, tinham seu colorido.
Lá está tudo da mesma cor,
aonde o nosso amor foi vivido,
ficou apenas a saudade desse ardor!
Quarta-feira, 20 de Abril de 2005
POETAS CONSAGRADOS - ANTÓNIO NOBRE
APARIÇÃO
por
António Nobre
Pelas espadas que tu tens no peito
pelos teus olhos roxos de chorar,
pelo manto que trazes de astros feito
por esse modo tam lindo de andar.
Por essa graça e esse suave jeito,
pelo sorriso ( que é de sol e luar )
por te ouvir assim sobre o meu leito,
por essa voz, baixinha: Há-de sarar
Por tantas bênçãos que eu sinto n alma
quando chegando vens, assim, tam calma;
pela cinta que trazes, cor dos céus;
adivinhei teu nome: Aparição!
Pois consultando, manso, o coração,
senti dizer em mim: A mãe de Deus!
CARDEAL RATZINGER ELEITO PAPA : BENTO XVI
O Cardeal germânico Joseph Ratzinger foi eleito ontem, ao fim da tarde, com o nome de Bento XVI .
O novo Papa, afirmou na primeira missa após ter sido nomeado para o cargo, que se compromete a prosseguir a obra do Concílio Vaticano II, numa homilia pronunciada em latim, esta manhã na Capela Sistina.
"Afirmo com grande determinação a minha vontade de continuar a obra do Concílio Vaticano II, pelo mesmo caminho dos meus antecessores e na fidelidade e continuidade da tradição de dois mil anos da Igreja", declarou Joseph Ratzinger perante os cardeais que ontem o elegeram.
Bento XVI também prestou uma homenagem ao seu antecessor, João Paulo II, que "deixa uma Igreja mais corajosa, mais livre, mais jovem. Uma Igreja que, de acordo com o seu exemplo, olha com serenidade o passado e que não tem medo do futuro".
A missa de hoje foi proferida em latim, a língua litúrgica da Igreja Católica até ao Concílio Vaticano II. Na manhã seguinte à sua eleição, em Outubro de 1978, João Paulo II não celebrou a missa na Capela Sistina, mas recebeu todos os cardeais na sala do consistório, dirigindo-se-lhes em italiano.
O cardeal alemão Joseph Ratzinger foi eleito ontem à tarde pelos 115 cardeais eleitores, após quatro votações. O fumo branco (símbolo da escolha de um novo Sumo Pontífice) começou a sair da chaminé do Vaticano por volta das 16h50 (hora de Lisboa), 15 minutos antes de os sinos da Basílica confirmarem a escolha do sucessor de João Paulo II. Pouco antes das 18h00, o nome do cardeal Joseph Ratzinger foi anunciado e o novo Papa falou pela primeira vez à multidão reunida na Praça de São Pedro.
"Queridos irmãos e irmãs, depois do grande Papa João Paulo II, os cardeais elegeram-me um simples e humilde trabalhador da vinha do Senhor. Consola-me o facto de o Senhor trabalhar e agir mesmo com instrumentos insuficientes e acima de tudo entrego-me às vossas orações", afirmou, na curta declaração que antecedeu a sua primeira bênção Urbi et Orbi (À Cidade e ao Mundo).
Pesquisa de
Assis Machado
Segunda-feira, 18 de Abril de 2005
A SAGA BOCAGEANA - O QUE DIZEM OS FAMOSOS DE BOCAGE
- Estilo terno e nobre; linguagem pura e clara; dicção concisa e ornada; versificação deliciosa, como nenhuma, nem antes, nem depois dele, ainda entre nós apareceu. (
)
Elmano que talvez em seu género nos ficará sendo único, de força devia deslumbrar e encantar pelo caudal inexaurível, brilhante e estrepitoso da sua veia, que eu apelidarei, e ria quem rir, um Niágara de talento. (
)
Camões e Bocage. Que pontos de contacto entre estas duas glórias nacionais.
António Feliciano de Castilho.
- Mais poderíamos, para honrar Petrarca, chamá-lo o Bocage italiano, do que, para honrar Bocage, designá-lo pelo Petrarca português.
José Castilho
- Depois de Camões, Bocage foi o nosso primeiro poeta popular. (
)
Bocage é o tipo mais perfeito da sua escola, e de facto devia sê-lo. Ele popularizou a arte porque poetou principalmente para o povo, e embalou ao mesmo tempo com a melodia da linguagem, com o sonoro do metro, essas almas rudes mais atentas à harmonia da forma que ao poético do pensamento.
Alexandre Herculano
-As portas da eternidade, porém, estavam a abrir-se, naquela hora, ao mais inspirado e desditoso génio que ainda viveram portugueses. (
)
Manuel Maria Barbosa du Bocage, o poeta cuja popularidade lhe sobreviveu meio século e será ainda conhecido pelo nome quando já ninguém lhe conhecer os livros.
Camilo Castelo Branco
-Bocage para ser o primeiro poeta depois de Camões, faltou-lhe apenas a época própria e a vida mais larga. (
).
A musa não confiou de outro a lira de Elmano. Príncipe na arte clássica, percursor, para nós, da revolução literária, que antevê em arrojos sublimes, e em rasgos de doçura e de crença. Bocage levou consigo o segredo da harmonia e da grandeza épica. (
)
O Soneto, essa forma estreita e árdua ninguém a possui como Elmano, e neste género rivaliza com os primeiros da Europa, sendo, sem contestação, o primeiro entre os nossos.
Rebelo da Silva
POETAS CONSAGRADOS - ELMANO SADINO
A fronte , que de loiro ergui cingida,
ufana do louvor e da inocência,
jaz, por efeito de hórrida aparência,
curvada pelo opróbrio e denegrida.
De mil gratos objectos guarnecida,
rutilava a meus olhos a existência;
hoje, amável Prazer, na tua ausência
parece aos olhos meus um ermo a vida.
De quantas cores se matiza o Fado!
nem sempre o homem ri, nem sempre chora,
mal com bem, bem com mal é temperado;
Os estados variam de hora em hora;
sábio o mortal, que em um, que em outro estado
(disposto a tudo) a Providência adora !
Elmano Sadino
In RIMAS
Sexta-feira, 15 de Abril de 2005
EDITORIAL BOCAGEANO - "EM LOUVOR DE BOCAGE"
Por
América Miranda
Com bem notável propriedade o ilustre poeta Dr. Alfredo da Cunha num soneto publicado na comemoração do centenário de Elmano Sadino lhe chamou A alma feita de chascos e dores O poeta Bocage, génio incompreensível, repentista sem rival, rei distindo do soneto, Vate cuja obra se poderia ter guindado às alturas de epopeia, cantor malogrado, como nele foi malograda a única enraizada paixão, foi um desventurado, dos que vêm ao mundo predestinado para um sofrimento atroz. Essa predestinação explica muitas das incongruências da sua vida e a converte em dever nosso de reabilitar a sua memória, pois tantas vezes foi julgado com menos justiça e demasiada severidade pelos erros por ele assim definidos Prazeres sócios meus e meus tiranos.
Oxalá esta Tertúlia Poética Ao Encontro de Bocage possa contribuir com o seu trabalho para uma tardia reparação.
América Miranda
In O ARAUTO, nº 87 / 88
TRIBUNA DOS POETAS - AMÉRICA MIRANDA
A MINHA FORÇA
Na penumbra dos meus sonhos
falo com a solidão
recordo os dias risonhos
p ra enganar o coração.
Pobre coração perdido
que não se quer abrigar
estás de tal modo ferido
que não deixas de sangrar.
A vida foi tão cruel
mas eu tento superar
este tão amargo fel
que me quer derrubar.
Mas eu não quero cair
p ra sempre me irei erguer
não sei qual o meu porvir
mas vou lutar com o sofrer.
Minha força vem do mar
e também do Infinito
obriga-me sempre a lutar
com a coragem de um grito.
E com esta força telúrica
que invade todo o meu Eu
lanço este enorme grito,
ao mar, ao vento e ao Céu !
América Miranda
Quinta-feira, 14 de Abril de 2005
CAMINHOS DE REFLEXÃO - AMÉRICA MIRANDA
ANGÚSTIA E PRESSENTIMENTO
por
América Miranda
O sol descia lentamente sobre as colinas que emolduram os luxuriantes e verdes esplendores dos vales. Raios alaranjados cruzavam o céu e a bruma violácia que se seguia não afastava o meu espírito da inquietação sombria em que se encontrava. Deixei-me ficar horas a contemplar a beleza até que o pôr do sol criou no céu uma tonalidade aveludada de um cinzento purpúreo.
Saí de uma certa letargia em que me encontrava e quedei-me a meditar profundamente sobre a guerra. E perguntei-me muito angustiada, porquê a guerra? Ela fomenta ódios, provoca terrorismo, deixa trilhos sangrentos de milhares de inocentes. Porquê, meu Senhor? Porque a sede do poder é mais forte, porque a ambição é cega e desmedida, porque os poderosos sentem prazer em pisar a fragilidade dos mais fracos.
A minha fé no Ente Superior que nos guia, nem sequer vacila, mas a confiança no homem pereceu, pois ele insiste em destruir tudo o que de belo Deus criou.
Há fome, há medo, há angústia e a morte vem com o seu abraço negro rondar milhares de seres humanos, todos filhos do mesmo Pai, todos irmãos.
E eu, como Poeta, ao contemplar esta obra linda e imensa que é a Natureza, que eu amo e descrevo em meus versos, pergunto uma vez mais, porquê tanta desolação?
Sinto-me aflita e angustiada e é com o rosto regado por tantas lágrimas sofredoras que eu me quero absorver na beleza da paisagem e tentar esquecer que a humanidade está iníqua, sem moral, sem fé, sem beleza e apenas pensa na destruição.
Vem Paz tão desejada e envia o raminho de oliveira no bico da pomba branca para que o sol volte a nascer radioso e pleno de calor.
Lisboa, 5 / 04 / 2003
Segunda-feira, 11 de Abril de 2005
O BOCAGE DA LIBERDADE - "A luz da Revolução Francesa, em 1779"
Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque ( triste de mim! ) porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?
Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo, que desmaia.
Oh!, venha . . . Oh!, venha, e trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!
Eia! Acode ao mortal que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade
E em fingir, por temor, empenha estudo.
Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, ó Liberdade!
Bocage
In RIMAS