ESPAÇO COLECTIVO ARTISTICO E CULTURAL - COORDENADO PELA POETISA AMÉRICA MIRANDA - E ONDE SE INSEREM AS CONTRIBUIÇÕES DE TODOS OS TERTULIANOS, TANTO EM VERSO COMO EM PROSA, COM O OBJECTIVO DE DIVULGAÇÃO E HOMENAGEM AO GRANDE POETA ELMANO SADINO !
Sábado, 14 de Agosto de 2004
BOCAGE - POETA DA LIBERDADE
BOCAGE LIVRE
Poeta foi da Liberdade
Onde grilhões persistissem
Em toda esta sociedade
Toda a sua tenacidade
Apostava que sentissem.
Dia a dia tão sem nada
Amparou quem de jornada...
Luta brava incentivou
Imolando sua coragem
Benfazejo se tornou
Em prol d alheia imagem.
Romeiro desta natura
Deu sua vida prematura
Afrontando maus tiranos
Derivou sem pensar danos
Em sentido à fama pura !
Frassino Machado
In RUDIMENTOS
Sexta-feira, 13 de Agosto de 2004
PADAGOGIA POÉTICA - II
BOCAGE NO DEALBAR DO ROMANTISMO
Por Hernâni Cidade ( * )
Tendo vivido de 1765 a 1805, seria o Poeta já por exteriores motivos de cronologia, mesmo que o não fosse por intrínsecas razões de temperamento, um ser de transição, oscilando, na vida, como na arte nela radicada, entre tendências opostas de em conflito. Com efeito, o último quartel do Século XVIII e o primeiro do XIX são, em Portugal como na Europa ou no mundo europeizado, a fase intercalar de duas culturas sucessivas que, se bem subjacentemente uma se continue na outra, em aspectos de superfície se repelem e digladiam.
Não é preciso dizer que se toma aqui a designação de Idade Clássica, em que Bocage foi educado, e a Idade Romântica, que o Poeta sob vários aspectos anunciou, não como dois receituários de expressão literária, mas como duas atitudes de homem em face do mundo e da vida, da Natureza e de Deus.
A Idade Clássica era dominada pela preocupação da ordem racional, a que procura sujeitar, senão o que se afigura imutável e imperecível, como directa e indirecta criação divina, ao menos quanto se toma como livre criação da vontade do homem a literatura e a arte, a organização política e social.
A ordem racional exigia obediência à hierarquia que, no homem, sobrepunha a vontade esclarecida pela razão às tendências sentimentais ou aos impulsos instintivos, e na sociedade fortalecia a autoridade familiar ou corporativa, estatal ou religiosa, de modo que o indivíduo lhe ficava dependente, não apenas em sua vida mais subjectiva-sentimental ou intelectual mas ainda em sua actividade profissional.
Na Idade Romântica tudo foi, senão subvertido, ao menos profundamente abalado. No homem, a razão cedeu ao sentimento o poder mais de uma vez decisivo na direcção do procedimento, enquanto gradualmente se ia reconhecendo ao misterioso Inconsciente a intuição que melhor do que a razão penetrava no mistério que somos e no mistério que nos envolve, e o génio colectivo, a que teríamos devido as línguas, as religiões, as epopeias anónimas; na sociedade, o indivíduo emancipou-se e cresceu interiormente, a cada passo desbordantemente, e a organização política e social teve de reformar-se, no sentido de lhe permitir o realizar-se quanto possível em plenitude. Daí a libertação de quanto nele até então era recalcado pela pressão social: no que respeita às actividades criadoras, na literatura e na arte, a imaginação, a expansão sentimental, o gosto do sensível, a preferência da sensação à ideia, da observação da realidade física à análise de realidade moral, a sobreposição de quanto mais directamente exprimisse o indivíduo, a quanto reflectisse o universal e permanente, objecto da razão.
Naturalmente, entre as duas atitudes sucessivas há as formas de transição, que em certos aspectos se escapam da primeira, sem de todo se integrar na segunda e é o que se verifica, a nosso ver, na obra de Manuel Maria Barbosa du Bocage, por isso mesmo considerado um pré-romântico.
Três SONETOS DE TRANSIÇÃO :
A )
Olha, Marília, as flautas dos pastores
que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
os zéfiros brincar por entre as flores?
Vê como ali, beijando-se, os amores
incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
as vagas borboletas de mil cores!
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
ora nas folhas a abelhinha pára,
ora nos ares sussurrando gira:
Que alegre o campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
mais tristeza que a morte me causara.
B )
Se é doce, no recente, ameno estio,
ver toucar-se a manhã de etéreas flores
e lambendo as areias e os verdores,
mole e queixoso deslizar-se o rio;
Se é doce mares, céus ver anilados
ouvirem-se os voláteis amadores,
seus versos modulando e seus ardores,
de entre os aromas do pomar sombrio;
Se é doce mares, céus ver anilado
pela quadra gentil, de amor querida,
que desperta os corações, floreia os prados;
Mais doce é ver-te de meus ais vencida,
dar-me em teus brandos olhos desmaiados
morte, morte de amores, melhor que a vida.
C )
Ó retrato da morte, ó morte amiga,
por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha do meu pranto,
de meus desgostos secretária antiga!
Pois manda Amor que a ti somente os diga,
dá-lhes pio agasalho no teu manto;
ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
dorme a cruel, que a delirar me obriga.
E vós, ó cortesãos da escuridade,
fantasmas vagos, mochos piadores,
inimigos, como eu, da claridade!
Em bandos acudi aos meus clamores,
quero a vossa medonha sociedade,
quero fartar meu coração de horrores!
( * ) - Fonte : Hernâni Cidade, Bocage, Edit. Presença, Lisboa 1986
A TRIBUNA DOS POETAS 7 ( * )
POR DENTRO DO MUNDO
Por Mª de Lourdes Agapito
A preguiça é a vizinha
de quem nada quer fazer,
quem não faz sua caminha
nela não vem a morrer.
A vida não sabe que eu
vejo à janela passar
os que falam para o Céu
sem ninguém a quem falar.
Em teus braços me deitei
em cama de rosmaninhos
e toda a noite fiquei
a ouvir os passarinhos.
Mãe fumadora: cuidado!
o teu filho vai nascer;
o bebé não é culpado
do mal que andas a fazer!
Mª de Lourdes Agapito
A TRIBUNA DOS POETAS 6 ( * )
ENTRE ROSAS E CÂNTICOS
Por Graciett Vaz
( Glosando uma quadra de
Perpétua Matias )
Corri vales e ladeiras
Várzeas cheias de papoilas
Apanhei rosas albardeiras
Ouvindo o cantar das rolas.
Eu canto a poesia
que trago no coração
sem qualquer presunção
canto de noite e de dia
cantar me dá alegria
alivio minhas canseiras
digo sem brincadeiras
que ninguém eu invejo
e no Baixo Alentejo
corri vales e ladeiras.
Lá conheci o cantor
dos lindos passarinhos
vi como fazem os ninhos
cada qual seus filhos criar
fui à ribeira apanhar
escravaninhas amarelas
também teci muitas canelas
na terra onde nasci
e foi lá que há muito vi
várzeas cheias de papoilas.
Vi na ribeira atabuas
no campo lindas flores
eram de várias cores
as flores das amendoeiras
que vi naquelas ladeiras
até as ervas daninhas
as mais pequenininhas
tinham para mim valor
e p ra minha jarra compor
apanhei rosas albardeiras.
Ouvi o concerto dos grilos
lá nos campos em flor
fiz com muito amor
lindos colares de pampilhos
andei por veredas e trilhos
ouvi cantar as cigarras
sem freios nem amarras
em tardes quentes de Verão
e tomei banho no Vascão
ouvindo o cantar das rolas.
Graciett Vaz
Quinta-feira, 12 de Agosto de 2004
ILUSTRES POETISAS 10 - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
BIBLIOBIOGRAFIA DE SOPHIA ANDRESEN
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto em 6 de Novembro de 1919. Foi nessa cidade e na Praia da Granja que passou a sua infância e juventude. Frequentou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa, mas não chegou a terminar o curso. Foi casada com o jornalista Francisco Sousa Tavares e mãe de cinco filhos, que a motivaram a escrever contos infantis. Motivos concretos e símbolos excepcionais para cantar o amor e o trágico da vida foi-os buscar ao mar e aos pinhais que contemplou na Praia da Granja; com a sua formação helenística, encontrou evocações do passado para sugerir transformações do futuro; pela sua constante atenção aos problemas do homem e do mundo, criou uma literatura de empenhamento social e político, de compromisso com o seu tempo e de denúncia da injustiça e da opressão. Foi agraciada com o Prémio Camões em 1999.
Obras poéticas: Poesia (1944), Dia do Mar (1947), Coral, (1950), No Tempo Dividido, (1954), Mar Novo (1958), Livro Sexto (1962) Geografia (1967), Dual (1972), Nome das Coisas (1977), Musa (1994), etc. Obras narrativas: O Cavaleiro da Dinamarca, Contos Exemplares, Histórias da Terra e do Mar, A Floresta, A Menina do Mar, O Rapaz de Bronze, A Fada Oriana, etc.
NAVIO NAUFRAGADO
Vinha de um mundo
Sonoro, nítido e denso.
E agora o mar o guarda no seu fundo
Silencioso e suspenso.
É um esqueleto branco o capitão,
Branco como as areias,
Tem duas conchas na mão
Tem algas em vez de veias
E uma medusa em vez de coração.
Em seu redor as grutas de mil cores
Tomam formas incertas quase ausentes
E a cor das águas toma a cor das flores
E os animais são mudos, transparentes.
E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves dos cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos de videntes
BARCO
Margens inertes abrem os seus braços
Um grande barco no silêncio parte.
Altas gaivotas nos ângulos a pique,
Recém-nascidas à luz, perfeita a morte.
Um grande barco parte abandonando
As colunas de um cais ausente e branco.
E o seu rosto busca-se emergindo
Do corpo sem cabeça da cidade.
Um grande barco desligado parte
Esculpindo de frente o vento norte.
Perfeito azul do mar, perfeita a morte
Formas claras e nítidas de espanto
RETRATO DE UMA PRINCESA DESCONHECIDA
Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
PORQUE
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
POEMA
A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
Sophia de Mello Breyner Andresen
EDITORIAIS BOCAGEANOS - 05 ... EM LOUVOR DE BOCAGE !
EDITORIAIS BOCAGEANOS - 05
Por América Miranda ( * )
Os epigramas de Bocage contra os médicos não passavam de mera superfície. Assim, logo que a doença o visitou, deixou de sorrir e obedeceu cegamente às prescrições da Faculdade procurando ler nos olhos e no rosto do assistente a sentença da sua sorte. Na sua última e incurável enfermidade, desenganado dos doutos, entregou-se às receitas empíricas dos charlatães e cobrava imaginário alívio com os remédios que lhes inculcavam. A cena dos seus últimos dias, tão fecunda em rasgos de imaginação, atesta a sinceridade das crenças religiosas quando chegou o seu fim. Assim, em 21 de Dezembro de 1805, pelas 10h e 15 min. de uma manhã brumosa e triste, o grande Bocage cerrou suavemente, seus lindos olhos azuis da cor do seu rio Sado.
Como um cisne entregou quase o espírito a Deus no meio de melodias. A sua agonia foi um cântico. Ele morreu mas a sua obra ficou para a posteridade.
América Miranda
( * ) In O Arauto de Bocage, Ano VI , nº 72
Quarta-feira, 11 de Agosto de 2004
A TRIBUNA DOS POETAS 5 ( * )
ETERNA RATOEIRA
Por Celeste Reis
Pobre de ti coração
que vives a gemer no peito,
é de tua condição
andares sempre insatisfeito.
Será que alguém controla
o seu próprio coração?
Se ele salta que nem mola
quando lhe toca a paixão...
Pensa andar bem armado
e julga-se um vencedor
mas cai logo desamparado
aos primeiros sinais de amor...
É rebelde por natureza
orgulhoso, arrebatado
mas... ao pressentir o amor
cai de vez apaixonado...
Quem pensa dominar
o seu próprio coração?
Se o amor lhe dá um toque
sem sentidos cai para o chão.
Não obedece a ninguém
e julga-se um vencedor,
mas perde de vez a fala
quando lhe fala o amor...
Não se deixa dominar
nem se dá por vencido,
mas... se o amor o incendiar
cai... completamente rendido...
O coração julga-se forte
o mais forte dos mortais,
sente o perfume do amor,
e cai aos primeiros sinais.
Não há quem não se espante
com seu próprio coração,
mostra-se frio e distante
mas... se lhe assopra o amor
todo ele é um vulcão...
Como és louco, coração,
por amor, bem entendido,
se ele te apanha de surpresa,
cais com toda a certeza
não vencedor, mas vencido...
No reino da tua loucura
coração não sofras tanto,
apesar da grande aventura
a Vida é um grão de poeira
e se caíres na ratoeira
que seja por um amor bem vivido
e nos console a vida inteira!
O amor nos enfeitiçou,
e foi tal essa cegueira
que nunca mais nos livrou
dessa Eterna Ratoeira !
Celeste Reis
A TRIBUNA DOS POETAS 4 ( * )
EM CASCAIS
Por Mª Lourdes Ferreira
Na praia me sentei a ver o mar,
olhei o horizonte, essa imensidão,
as ondas pareciam murmurar,
como se fosse a sua canção.
A natureza continua a te ajudar,
tens força, todos te querem muito bem,
deslumbrado, a praia vens beijar,
não te assustes, não tens medo de ninguém.
És forte e rebelde muita vez,
há momentos que são tão traiçoeiros,
tua riqueza nunca se desfez,
acompanham-te bravos marinheiros.
Tens beleza a tua cor encanta,
até quando os marinheiros vão para o mar,
mas, se há vendaval, tudo te respeita,
gaivotas vão a terra, com o seu piar.
Este mar que Deus lhe deu poder ,
é bravo, mas também tem carinho,
tantas espécies que ele fez nascer,
há uma que é linda, o golfinho.
Continuo a olhar, o horizonte,
o sol vai-se escondendo devagar,
o mar abranda, aproxima-se a noite,
descendo sobre ele, um manto de luar.
Mª de Lourdes Ferreira
Sexta-feira, 6 de Agosto de 2004
EDITORIAIS BOCAGEANOS - 04 ... EM LOUVOR DE BOCAGE !
EDITORIAIS BOCAGEANOS - 04
Por América Miranda ( * )
Durante muitos anos, o poeta Bocage era conhecido pela ignorância do povo como figura grotesca, a quem se atribuíam situações ridículas e de quem se contavam asquerosas anedotas, puras invenções de péssimo mau gosto que deformavam por completo a personalidade ímpar do grande Manuel Maria de Barbosa du Bocage, sem dúvida, a par com Camões, o maior poeta português surgido até ao seu tempo. Todas essas calúnias, constituíam uma deplorável demonstração do baixíssimo nível em que se encontrava e, em grande parte ainda se encontra, a mentalidade portuguesa.
Todavia, o grande Vate, cingindo-se apenas à verdade, reabilitou a sua memória, limpando-a de repugnantes impurezas, com que tinha sido conspurcada por gerações sucessivas, restituindo-lhe o brilho fulgurante do Génio. Friso aqui com toda a minha admiração e com toda a minha alma que Bocage foi grande e que conseguiu em tão curto espaço de tempo, uma obra tão vasta e portentosa, digna de ser lida e conhecida em todo o mundo.
América Miranda
( * ) - O Arauto de Bocage - Ano VII - Nºs. 79 / 80
Quinta-feira, 5 de Agosto de 2004
A TRIBUNA DOS POETAS 3 *
COMO BOCAGE ESCREVIA
Por Perpétua Matias
Como Bocage escrevia
jamais alguém escreveu
ficou pobre a poesia
quando Bocage morreu.
Bocage desde pequenino
logo se mostrou diferente
esperto, inteligente,
irrequieto, ladino,
um encanto de menino.
A todos dava alegria
por tanta sabedoria
ninguém o pode igualar
pois era de admirar
como Bocage escrevia.
Assim se tornou famoso
conhecido em todo o mundo
não se conheceu segundo
verdadeiro e valoroso
sublime, glorioso.
A cultura enriqueceu
em tão pouco que viveu
mostrou bem o seu valor
versos tão lindos de amor
jamais alguém escreveu.
No auge do seu esplendor
sofre uma desilusão
sendo mesmo seu irmão
quem lhe rouba seu amor.
Dessa mágoa, grande dor
é como que uma agonia
definha-se dia após dia
e saúde já não tem
quando foi para o além
ficou pobre a poesia.
Amou mas foi mal amado
alguém o atraiçoou
para a prisão o levou
onde foi maltratado.
Traído e difamado
o pior aconteceu
veio a desgraça, varreu
sua alma pura e nobre
Portugal ficou mais pobre
quando Bocage morreu.
Perpétua Matias