ESPAÇO COLECTIVO ARTISTICO E CULTURAL - COORDENADO PELA POETISA AMÉRICA MIRANDA - E ONDE SE INSEREM AS CONTRIBUIÇÕES DE TODOS OS TERTULIANOS, TANTO EM VERSO COMO EM PROSA, COM O OBJECTIVO DE DIVULGAÇÃO E HOMENAGEM AO GRANDE POETA ELMANO SADINO !
Terça-feira, 27 de Setembro de 2011
POEMAS DE GOETHE

 

                «O Príncipe dos Poetas Germânicos»

 

PROÉMIO

 

Em nome daquele que a Si mesmo se criou! 

De toda eternidade em ofício criador; 
Em nome daquele que toda a fé formou, 
Confiança, actividade, amor, vigor; 
Em nome daquele que, tantas vezes nomeado, 
Ficou sempre em essência incorporado: 

Até onde o ouvido e o olhar alcançam, 
A Ele se assemelha tudo o que conheces, 
E ao mais alto e ardente voo do teu 'spírito 
Já basta esta parábola, esta imagem; 
Sentes-te atraído, arrastado alegremente, 
E, onde quer que vás, tudo se enfeita em flor; 
Já nada contas, nem calculas já o tempo, 
E cada passo teu é já imensidade. 


Que Deus seria esse então que só de fora impelisse, 
E o mundo preso ao dedo em volta conduzisse! 
Que Ele, dentro do mundo, faça o mundo mover-se, 
Manter Natureza em Si, e em Natureza manter-Se, 
De modo que ao que nele viva e teça e exista 
A Sua força e o Seu génio assista. 

Dentro de nós há também um Universo; 
Daqui nasceu nos povos o louvável costume 
De cada qual chamar Deus, mesmo o seu Deus, 
A tudo aquilo que ele de melhor em si conhece, 
Deixar à Sua guarda céu e terra. 
Ter-Lhe temor, e talvez mesmo — amor. 

Johann Wolfgang von Goethe,

in "Últimos Poemas do Amor, de Deus e do Mundo", 
Tradução de Paulo Quintela

 

*

AGORA ME SINTO ALEGRE E INSPIRADO 


Agora me sinto alegre e inspirado em chão clássico; 

Mundo de outrora e de hoje mais alto e atraente me fala.

Aqui sigo eu o conselho, folheio as obras dos velhos 

Com mão diligente, cada dia com novo prazer. 

Mas, noites fora, Amor me mantém noutra ocupação; 

Se apenas meio me instruo, dobrada é minha ventura.

E acaso não é instruir-me, quando as formas dos seios 

Adoráveis espio e a mão pelas ancas passeio? 

Compreendo então bem o mármore; penso e comparo, 

Vejo com olhar tacteante, tacteio com mão que vê. 

E se a Amada me rouba algumas horas do dia, 

Em recompensa me dá as horas todas da noite. 

Nem sempre beijos trocamos; falamos sensatos; 

Se o sono a assalta, fico eu deitado a pensar muitas 

coisas.

Vezes sem conto eu tenho também poetado em seus 

braços 

E baixo contado, com mão dedilhante, a medida 

hexamétrica 
No seu dorso. Em sono adorável respira, 

E o seu hálito o peito me acende até à raiz. 

O Amor atiça a candeia entretanto e pensa nos tempos 

Em que aos Triúnviros seus o mesmo serviço prestava. 

  

Johann Wolfgang von Goethe,

in "Elegias Romanas" 

Tradução de Paulo Quintela



publicado por assismachado às 22:22
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
pesquisar
 
Outubro 2017
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

15
16
17
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
30
31


posts recentes

A VOZ POÉTICA DOS TERTULI...

TERTULIANOS LAUREADOS - M...

A TERTÚLIA NO FACEBOOK

POEMAS DE GOETHE

O SÉCULO DE BOCAGE

POETAS DO FUTURO

OS AMIGOS DE ITÁLIA

TERTÚLIA ANUAL DE HOMENAG...

COLABORAÇÃO POÉTICA

TRIBUNA DOS TERTULIANOS

arquivos

Outubro 2017

Setembro 2012

Maio 2012

Setembro 2011

Agosto 2011

Dezembro 2009

Setembro 2009

Julho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Setembro 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Setembro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

Novembro 2004

Outubro 2004

Setembro 2004

Agosto 2004

Julho 2004

links
blogs SAPO
subscrever feeds