Nestóreos dias, que sonhava Elmano
Brilhantes de almos gostos, de áurea sorte
Pomposa fantasia, audaz transporte
As asas circiai do orgulho insano.
Plano de um númen contradiz um plano
E quer que se esvaeça e quer que aborte;
Eis, eis palpita, percursor da morte
No túmido aneurisma e desengano…
Mas da humana carreira, ainda no meio
Se a débil flor vital, sentir murchada
Por lei que envolta na existência veio,
Co’ a mente pelos céus toda espraiada,
Direi, de eternidade ufano e cheio
Adeus, oh mundo! Oh Natureza! Oh nada!
*
A frouxidão no amor é uma ofensa,
Ofensa que se eleva a grau supremo;
Paixão requer paixão, fervor e extremo;
Com extremo e fervor se recompensa.
Vê qual sou, vê qual és, vê que dif’ rença!
Eu descoro, eu praguejo, eu ardo, eu gemo;
Eu choro, eu desespero, eu clamo, eu tremo;
Em sombras a razão se me condensa.
Tu só tens gratidão, só tens brandura,
E antes que um coração pouco amoroso
Quiser haver-te uma alma ingrata e dura.
Talvez me enfadaria aspecto iroso;
Mas de teu peito a lânguida ternura
Tem-me cativo, e não me faz ditoso.
Bocage, In RIMAS
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