FUNDO DO POÇO
Fui de Lisboa a Pataias
De Pataias ao Juncal,
Vi moças com lindas saias
Não ficavam nada mal.
Outras, então coitaditas,
O tecido lhes faltou…
Choram as suas desditas
Deus, ao que tudo chegou!
Por este andar galopante
Toda a indústria irá cessar
A seguir vem a agravante
De não ter pão p’ ra mastigar.
Há um ditado muito antigo,
Já dizia o avozinho,
Orienta o que tens contigo
Não peças nada ao vizinho.
Faço um alerta aos do Topo,
Evitem fazer tão mal…
Chegou ao fundo do poço
Nosso lindo Portugal.
Amélia Marques
*
ILUSÃO
Abri a minha janela
Para ouvir melhor o vento
Vi uma linda aguarela
Sobre a terra e o Firmamento.
Pois só Deus sabe pintar
O céu azul e estrelado
Fazer de prata o luar
E lindas flores no prado.
A Natureza chamava
A minha alma de criança
Um rouxinol trinava
A melodia da esperança.
Do mais lindo Firmamento
Já espreitava a luz do dia
Dei largas ao pensamento
Asas à minha alegria.
Corri por vales e montes
Cantei ao sol e ao mar
Paravam rios e fontes
Para me ouvir a cantar.
Perpétua Matias
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