EDITORIAL
O dom da harmonia e facilidade de poetar transmitiam-se como herança na família de Bocage, da qual ele mais se distinguiu.
Desde a infância, Vate como Ovídio, ainda balbuciava e já as suas palavras acertavam com a melodia poética. No trato doméstico e nos serões familiares, achou alimento próprio para o ardor da fantasia e estímulo oportuno para os ensaios pueris da vocação. Memória prodigiosa, imaginação cujo calor e ímpeto, a proximidade da morte não esfriou de todo, foram as faculdades predominantes por que se caracterizou desde a tenra idade. Inquieto na infância e na adolescência tendo juntado à custa de mágoas e trabalhos, preciosa experiência. Na virilidade foi um homem de paixões, ralado de cuidados vãos, inimigo do repouso e escravo dos aplausos.
Estava no seu destino, ou antes, era próprio do seu carácter, que eu admiro sobremaneira, pois amo tudo o que é difícil e controverso e Bocage foi único, o meu ídolo desde a tenra idade. Os seus versos imortais são páginas de oiro na nossa Literatura, espalhando o seu perfume a todo o Universo.
América Miranda
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