EDITORIAL BOCAGIANO
Notava-se que Manuel Maria de Barbosa du Bocage já se encontrava bem impregnado da atmosfera da sua época. O contrário é que seria de admirar. No entanto, a resolução do problema amoroso continuava a ser básico para o seu espírito. Dir-se-ia estar persuadido de nunca atingir um nível de tranquilidade razoável, enquanto não se lhe deparasse a mulher a quem pudesse confiar-se inteiramente.
Precisava de uma alma gémea, capaz de compreendê-lo, de vibrar nos mesmos anseios de beleza, de incitá-lo a aproveitar, as faculdades que poderiam erguê-lo a uma esfera social mais alta. Amoroso por temperamento, só guiado pela mão suave mas firme de uma mulher devotada, entraria num rumo mais nobre da existência, Chegou a ser dramática a sua ânsia de buscar entre as “moças mil” por ele cortejadas, ansiando ofertar à sua eleita o tesouro de ternura que possuía na grandiosidade da sua alma.
Quem pode compreender em absoluto um espírito irrequieto e sofredor como foi o nosso Bocage? Talvez só quem como ele amou dessa maneira.
América Miranda
In O ARAUTO DE BOCAGE, N.RS 123/124, Abril de 2008
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