CALÚNIA
Por
Félix Heleno
A calúnia é semelhante à tempestade
é semelhante ao vento frio e louco
quem gosta de a espalhar sabe-lhe a pouco
neste mundo semilouco de ansiedade.
Quantas vezes a calúnia é a maldade
de quem grita, berra quase rouco;
à verdade todo o mundo fica mouco
se a calúnia passa a ser toda a verdade.
A calúnia é um veneno a semear
flores de ‘spinhos que provocam tantas dores
desde o dia em que ela é anunciada;
Mas o veneno um dia há-de secar
os espinhos transformar-se-ão em flores
no dia em ela for desmascarada.
*
PAPELADA
Por
Armando David
Não me pedem pão, pedem-me espaço,
papéis e mais papéis, que trapalhada;
fazendo escolha, de alguns eu me desfaço
p’ ra me livrar de tanta papelada.
Junto papéis, papéis e mais papéis,
muitos a causarem-me embaraço;
papelada a não valer dez reis,
não me pedem pão, pedem-me espaço.
Recordações, recortes de jornais,
albuns e pastas, tudo de enfiada;
prateleiras, armários e outros tais
papéis e mais papéis, que trapalhada.
Tento separá-los, dar destino,
de os por em ordem, já sinto cansaço;
porque há papéis e papéis, que desatino,
fazendo escolha, de alguns eu me desfaço.
Podem-se rir, até por maroteira
confesso, que isso até nem tem piada:
eu a dar cabo da minha prateleira
p’ ra me livrar de tanta papelada.
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