“A LABAREDA DO CIÚME”
Há um medonho abismo, onde baqueia,
a impulsos das paixões a Humanidade;
impera ali terrível divindade,
que de torvos ministros se rodeia.
Rubro facho a Discórdia ali meneia,
que a mil cenas de horror dá claridade;
com seus sócios, Traição, Mordacidade,
range os dentes a Inveja escura e feia.
Vê-se a Morte cruel, no punho alçando
o ferro de sanguento, ervado gume,
e a toda a Natureza ameaçando;
Vê-se arder, fumegar sulfúreo lume...
Que estrondo! Que pavor! Que abismo infando!...
Mortais, não é o Inferno, é o Ciúme!
Barbosa du Bocage
In RIMAS
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