BOCAGE
Por
Félix Heleno
Mas nem a terra fria e bem concreta
o conseguiu calar perpetuamente,
não há terra que devore o transcendente,
nem há vermes que devorem o poeta.
Não há fim num horizonte em linha recta,
no futuro, no passado e no presente,
há-de haver sempre um Bocage irreverente
enquanto houver no mundo uma caneta.
Enquanto o sol nascer no horizonte,
enquanto houver um nome de Malhoa,
enquanto Deus nos der alento e voz.
Há-de ser Camões em verso a nossa fonte
e enquanto houver um nome de Pessoa
haverá sempre um Bocage em todos nós!
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FOLHAS CAÍDAS
Por
Eugénia Chaveiro
Nasce uma criança
a alegria é imensa
é sempre rodeada
com imensos carinhos.
As que têm a sorte
de não ter a diferença
de nascer em mau norte
esta é desprezada
e segue outros caminhos
risonhos ou tortuosos...
Mesmo os bem nascidos
chegam um dia a idosos
e então vem o aborrecimento
maior ou menor
é sempre velhice...
não dá rendimento
que grande chatice!
Se não há amor
faz-se como às árvores
corta-se-lhe uma haste
e se houver calor
depois rebenta
corta-se a raiz
então não aguenta
vê bem se escutaste!
Deus, isto não quis!...
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