« CASA DE BOCAGE »
EXÓTICA SUGESTÃO
Por
Fernando Eloy do Amaral
“Depois de morto cevada ao rabo” – lá diz o velho ditado. “Depois da virgindade perdida não se volta à inocência, nem se torna necessário tanto resguardo”. Não se perde o já perdido. É louvável proteger imóvel de “valor simbólico e histórico importante para a memória colectiva da população”. Mas lamentável é não se ter protegido essa “primitiva” e “verdadeira” Casa que a tradição nos dizia nela ter nascido o Poeta Bocage.
Casa infelizmente destruída, como é sabido, por ilustres sábios e conscienciosos “restauradores” de edifícios famosos, sejam eles grandiosos, na forma e no estilo artístico, ou singelos e desataviados, modestos e até paupérrimos, e nos quais ocorreram preciosos eventos notáveis dignos da nossa memória.
Que a “fictícia” “Casa de Bocage”, actual sucessora da “ex-Casa de Bocage”, venha a ter utilidade cultural e o agrado de todos, são os nossos sinceros votos, e que tenha a necessária e justificada protecção e inúmeros visitantes, são os nossos delicados desejos.
O Poeta Bocage será sempre recordado, sem a “verdadeira” Casa onde nasceu, sem mausoléu ou cenotáfio, sem essa suposta Casa, situada algures em Setúbal, onde teria na “realidade” nascido o excelso Vate, segundo um aturado estudo, recente, de um ilustre historiador e biógrafo brasileiro, e sem o devido carinho, merecido, de muitos responsáveis pela Cultura do espírito e zeladores do Património Nacional.
Para recordar o poeta Bocage basta o que ele poeticamente criou, os seus Belos e Luminosos Versos Imortais.
Um exótica sugestão: «Acrescentar junto à lápida, já colocada na chamada “Casa de Bocage”, outra, com os dizeres elucidativos “Esta Casa assinala a já não existente onde nasceu o Poeta Bocage”».
Seria um remate curioso!
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