ESPAÇO COLECTIVO ARTISTICO E CULTURAL - COORDENADO PELA POETISA AMÉRICA MIRANDA - E ONDE SE INSEREM AS CONTRIBUIÇÕES DE TODOS OS TERTULIANOS, TANTO EM VERSO COMO EM PROSA, COM O OBJECTIVO DE DIVULGAÇÃO E HOMENAGEM AO GRANDE POETA ELMANO SADINO !
Quinta-feira, 7 de Junho de 2007
CAMINHOS DE PROSA - ENSAIO DE LOBO MATA
OS OLHOS DA GLÓRIA
Por
Lobo Mata
Relembro e recordo com nostalgia e saudade.
- Os olhos da Glória
- As pernas e ancas da Mariana
- A cintura da Susana
- Os seios da Fulana
- Os lábios da Sicrana.
Mas aqueles olhos, senhor! Foram retirados das profundidades oceânicas?
Aqueles olhos, senhor! São pérolas negras, saídas, expulsas por invejosas pérolas brancas, do fundo dos mares, pelas águas revoltas?
Aqueles olhos, senhor! São a dor da alma! São antídoto aos maus espíritos!
Aquelas sobrancelhas bem desenhadas, ligeiramente arqueadas; aquelas pestanas pretas, compridas, longas; aquelas pupilas negras, brilhantes, emergindo da profundidade dum qualquer mar ( oh, Mindanau! ) , onde apetece mergulhar e morrer.
Quanto pensam.
Como falam, gritam e chamam para o banho eterno.
Quanta doçura transborda daquelas pálpebras, abrigo natural de tais pérolas, violentamente expulsas por marés geradas na sua própria, inegável e invejável profundidade.
Quanta beleza emana daquele conjunto límpido, transparente, cristalino, negro... difusor de luz própria: cintilante, irreal, luz negra que ilumina tudo, tanto!
Como brilha o negro daqueles olhos quando uma lágrima doce nasce e se fixa suavemente nas suas ( perfeitamente desenhadas ) extremidades angulares à espera de algo ou de alguém, que a acaricie, a guarde, a beba ... Ou simplesmente a transforme ( no seu todo, no seu tudo ) em nada, diluindo-a na cavidade ocular fazendo sobressair o brilho daqueles diamantes negros, daquelas pérolas negras, daquelas pétalas negras duma flor que se quer livre – nos baixos vales e nas altas montanhas – permitindo dizer, sobretudo pensar: como é bom viver, revivendo; recordar, recordando; antes, agora e depois; tantos momentos de glória, senhor!
Tanta Glória, Deus Meu !