ESPAÇO COLECTIVO ARTISTICO E CULTURAL - COORDENADO PELA POETISA AMÉRICA MIRANDA - E ONDE SE INSEREM AS CONTRIBUIÇÕES DE TODOS OS TERTULIANOS, TANTO EM VERSO COMO EM PROSA, COM O OBJECTIVO DE DIVULGAÇÃO E HOMENAGEM AO GRANDE POETA ELMANO SADINO !
Sábado, 24 de Março de 2007
EM LOUVOR DE BOCAGE - AMÉRICA MIRANDA
EDITORIAL BOCAGEANO
Bocage viveu sempre dum amor ardente que dominava fundamentalmente a sua vida. Mas esse sentimento, dada a sua versatilidade, revestia-se das mais variadas formas. É que o nosso poeta era de tal modo arrastado pelo tropel brusco da sua afectividade vulcânica, que nunca encontrou o amor, a não ser por pouco tempo e nunca o que a sua alma ambicionava.
O amor, para ele, tinha de ser alimento sempre novo, alimento requintado que se lhe apresentava com facetas sempre novas e sedutoras. Como isto só poderia existir na sua ardente faculdade imaginativa, ele vivia ao sabor dessa fantasia, pois o seu grande tormento no amor, era filho de uma natural, tremenda e fogosa inadaptação entre o ideal e a realidade, entre o sonho e a vigília, entre aquilo que a vida lhe podia dar e aquilo que ela lhe exigia prementemente.
Por isso, o amor na obra de Bocage, tomava sempre as mais suaves e doces tonalidades, mas tudo era passageiro, pois a ardentíssima alma deste egrégio poeta, só se sentia bem quando lutava consigo mesmo ao tentar satisfazer um sonho de dolorosa impetuosidade que tanto lhe escaldava a alma e definhava seu franzino corpo. Atrevo-me a dizer que o amor na obra deste Vate incomparável, mesmo nos momentos calmos, nunca foi realmente calmo.
In ARAUTO DE BOCAGE, Nº.109/110 - Ano VIII