ESPAÇO COLECTIVO ARTISTICO E CULTURAL - COORDENADO PELA POETISA AMÉRICA MIRANDA - E ONDE SE INSEREM AS CONTRIBUIÇÕES DE TODOS OS TERTULIANOS, TANTO EM VERSO COMO EM PROSA, COM O OBJECTIVO DE DIVULGAÇÃO E HOMENAGEM AO GRANDE POETA ELMANO SADINO !
Segunda-feira, 29 de Janeiro de 2007
FALAM OS ENTENDIDOS - "CRÍTICAS BOCAGEANAS"
BOCAGE PRE-ROMÂNTICO I
Por
Artur Anselmo
Pré-romântico no aproveitamento de lugares poéticos e alusões temáticas que fariam escola no século XIX, Bocage pode considerar-se um escritor em trânsito, hetrdeiro e aprediz do arcadismo de salão. mas já casado com o aceno tumultuário do Iluminismo. No entanto, a genealogia do poeta não se estabelece com simplicidade, porque toda a sua vida decorreu em conflito entre dois momentos distintos: um momento passado, traduzindo adesão a uma escola ou a uma ideia, e um momento presente, afirmando o repúdio dessa escola ou ideia. Exemplo do primeiro momento tanto pode encontrar-se na aliança transitória com os fundadores da Nova Arcádia como na elegia à morte de Maria Antonieta ou no canto à conceição de Nossa Senhora; ilustração do segundo momento tanto se patenteia nos versos contra «Franças, Semedos, Quintanilhas e Macedos» como na «Pavorosa Ilusão da Eternidade – que lhe valeu os treze palmos do calabouço – ou no Soneto que começa: « Liberdade, onde estás? Quem te demora? ».
Seguindo a mesma trajectória, ainda é possível localizar na obra de Bocage mais dois momentos: um, a que chamaremos «intermédio» , durante o qual o poeta se compraz em misturar atitudes talvez opostas ( como a apologia de Bonaparte em nome da liberdade e da razão ) e, finalmente, o momento cupular, onde as palavras têm o peso da contrição (como no soneto «Meu ser evaporei na lida insana»)...
( cont. )
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