A MINHA DITA
Por
Fernanda de Castro
Busquei não entender o mandamento
da seta de Cupido em mim cravada;
então por esta culpa em ser culpada,
eu tive de sofrer mor sofrimento.
Desta arte meu engenho e pensamento
e minha rebeldia assignalada,
tudo curou da seta envenenada
que fez do meu doer o seu contento.
Busquei de mil bruxedos o esconjuro
julgando merecer minh’ alma aflita
a clara segurança do futuro.
E pois que esta humildade não limita
de amor o sortilégio fero e duro
farei d’ esta desdita a minha dita.
In “SONETOS”
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