O POETA A BANHOS
Por
Ary dos Santos
Adormeço nas fofas almofadas
recheadas das penas que sofri
bordadas a distância mas queimadas
em mais de mil cigarros que morri.
E para adormecer conto caladas
as palavras sem nexo que escrevi
cem de silêncio e mais de cem culpadas
por esta solidão em que me vi.
Mas quando acordo salto como um potro
o poeta estremunhado é sempre um outro
capaz de cavalgar um mundo novo.
E aprendo com o duche do futuro:
quanto mais banhos tomo estou mais puro
quanto mais noites passam sou mais povo.
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